Cenário do Câmbio 29/11/2024
O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, reforçou na noite desta quinta-feira o compromisso com a busca do centro da meta de inflação, de 3%, e disse que a instituição vai cumprir seu mandato.
“O BC tem seu mandato, vai cumprir seu mandato… e segue firme no objetivo de perseguir a meta de inflação”, afirmou Galípolo durante o evento Esfera Recebe, promovido pela Esfera Brasil, em São Paulo. Galípolo assumirá a presidência do BC a partir de 2025.
“Estamos todos no Banco Central muito incomodados com a desancoragem de expectativas”, afirmou Galípolo em outro momento. “Não vamos nos afastar nem um milímetro do nosso mandato, que é a persecução da meta de inflação”, reforçou.
Os comentários de Galípolo surgiram no mesmo dia em que o dólar chegou a ser negociado a 6,00 reais e as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) se aproximaram dos 14% em alguns contratos, com o mercado projetando um cenário de taxa básica Selic ainda mais alta nos próximos meses.
O movimento ocorreu em meio ao desconforto do mercado com as medidas do pacote fiscal anunciadas pelo governo na véspera.
Questionado sobre o tema, Galípolo reforçou que a instituição preocupa-se com os efeitos no mercado da política fiscal, que traz consequências para a inflação.
(Reportagem de Fabrício de Castro; reportagem adicional de Victor Borges)
(Reuters) – Após ultrapassar os 6,00 reais pela primeira vez na história, o dólar à vista fechou pouco abaixo deste patamar no Brasil, refletindo nesta quinta-feira a desconfiança do mercado em relação ao pacote fiscal anunciado pelo governo.
Apesar da forte pressão no mercado de câmbio pelo segundo dia consecutivo, o Banco Central novamente optou por não realizar leilões extras de moeda para acomodar as cotações — uma prática que tem se repetido nos últimos anos.
O dólar à vista fechou o dia com forte alta de 1,30%, cotado a 5,9910 reais. Esta é a maior cotação nominal de fechamento da história, tendo superado o recorde da véspera. Em 2024, a divisa acumula elevação de 23,49%.
Às 17h27 o dólar para dezembro — o mais líquido atualmente no Brasil — subia 0,64%, aos 5,9975 reais.
Na noite de quarta-feira o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou em rede nacional as medidas do pacote fiscal, entre elas novas regras de reajuste do salário mínimo, pagamento de abono salarial apenas a quem ganha até 2.640 reais e idade mínima para entrada de militares na reserva. A expectativa é de que as medidas promovam economia de 71,9 bilhões de reais em dois anos e 327 bilhões de reais até 2030.
Os mercados receberam mal, no entanto, o anúncio de que o governo pretende expandir a faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até 5 mil reais por mês a partir de 2026, atendendo promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo analistas, o tamanho do pacote fiscal ficou dentro do esperado, mas perdeu efeito diante do anúncio concomitante do projeto de reforma do IR, ainda que o governo tenha defendido que a isenção para quem ganha até 5 mil reais por mês será bancada pela cobrança de mais imposto de quem recebe mais de 50 mil reais por mês e pela limitação da isenção de IR de aposentados com problemas de saúde graves que recebam acima de 20 mil reais por mês.
A coletiva de imprensa com autoridades do governo e as declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em defesa do pacote nesta quinta-feira não aliviaram o mal-estar entre os investidores.
No pior momento do dia, às 13h13, o dólar à vista marcou a cotação máxima da história de 6,0040 reais (+1,52%).
“O pacote foi uma ducha de água fria”, resumiu Alexandre Espirito Santo, economista da Way Investimentos. “O mercado esperou praticamente três semanas por um pacote de ajuste de corte de gastos. Quando saiu, veio algo dúbio.”
Ainda que o dólar tenha batido nos 6,00 reais, o Banco Central se manteve fora do mercado. Nenhum leilão extra de dólares ou de swaps cambiais foi anunciado, ainda que alguns profissionais ouvidos pela Reuters vissem motivo para isso.
“Sinceramente, para que serve reserva cambial? Reserva serve para você usar em momentos adversos. E este momento está adverso”, disse Espirito Santo.
Questionado pela Reuters sobre o motivo de não atuar para reduzir a volatilidade no câmbio, o BC não se pronunciou até o momento.
No exterior, o feriado nos Estados Unidos reduziu a liquidez no mercado de moedas. Às 17h53, O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — tinha leve alta de 0,05%, a 106,160.
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Cenário do Câmbio 29/11/2024
Fonte: Ouribank
Data da publicação: 29/11/2024
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